terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Marc Augé e seu Não-Lugar: reflexão homeopática

No balaio de olhares, excessos, instantaneidades, miragens, relações alteres e aceleramento da história, resta-nos o questionamento tal qual proposto por Michel de Certeau, “Como pensar em situar o indivíduo?”.
O não-lugar de Augé é espaço onde corpos móveis deslocam-se de forma impune e flutuante, pessoas iguais em suas indiferenças e solidões cruzam-se em silêncio. Elas são insondáveis, não podem ser explicadas, isto é, a melhor tentativa de se falar ao/sobre os contemporâneos esteja em dizer-lhes o que são mostrando o que não são mais.
Na falta da obrigação em estabelecer laços com o outro, os indivíduos expõem-se em um movimento de retração sobre si próprios. É como na abertura de Ensaio Sobre a Cegueira de Saramago, “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”.
E nesta cotidiana batalha de improvisações de nossos olhares, a única coisa que se apresenta visível são os sinais daquilo que foi, o deciframento de que estamos à luz do que não somos mais. E a história se acelera.

Um comentário:

  1. Marc Augé deu entrevista para o Milênio, aquele programa de entrevistas do GloboNews, a pouco tempo. É muito estranho ver alguém que fala de coisas tão bizarramente grandes e angustiantes da vida contemporânea, de forma tão plácida...

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